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UE apresenta plano para reduzir dependência de energia russa

8 de março de 2022

Bloco pretende reduzir importação de gás russo em dois terços até o final do ano e se tornar independente dessa fonte até 2030. Já há conversas com compradores de gás natural liquefeito para desviar entregas para a UE.

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Tubulações de gás
Energia tornou-se um tema fundamental de debates na UE desde que a Rússia invadiu a UcrâniaFoto: Yegor Aleyev/TASS/dpa/picture alliance

A União Europeia (UE) apresentou nesta terça-feira (08/03) uma proposta para reduzir sua dependência do gás russo, à medida que o bloco reage à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Um fornecedor que "ameaça explicitamente" a UE não pode ser confiável, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma declaração. 

O plano da Comissão Europeia é cortar a dependência do bloco do gás russo em dois terços até o final deste ano e acabar com sua dependência do fornecimento russo de energia "muito antes de 2030", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.

Guerra na Ucrânia acelera processo

"A guerra de Putin na Ucrânia demonstra a urgência de acelerar a nossa transição para a energia limpa", afirmou Timmermans.

A execução do plano da UE depende da adoção de fornecedores alternativos e da expansão de fontes de energia renovável com mais rapidez. A responsabilidade pela implementação das propostas será, em sua maioria, dos países-membros do bloco.

A Comissão Europeia disse que o gás e o gás natural liquefeito (GNL) de países como os Estados Unidos e o Catar poderiam substituir mais de um terço do gás que a UE recebe anualmente da Rússia até o final deste ano. Até 2030, o maior uso de biometano e hidrogênio também poderá ajudar.

Novos projetos eólicos e solares poderiam ainda substituir parte da demanda por gás neste ano, enquanto a capacidade dessas fontes seria triplicada até 2030.

"Até o final deste ano, poderemos substituir 100 bilhões de metros cúbicos de importações de gás da Rússia. Isso é dois terços do que importamos deles", disse Timmermans a jornalistas em Estrasburgo. "Isso acabará com nossa dependência excessiva e nos dará o muito necessário espaço de manobra."

A invasão russa do território ucraniano trouxe senso de urgência ao esforço da UE, não apenas porque o gás russo chega ao bloco via Ucrânia, mas também devido a temores de que o Kremlin possa interromper o fornecimento.

UE pretende ser independente do gás russo "dentro de anos"

Em 2019, o gás russo foi responsável por 41% das importações do bloco. Timmermans, que também lidera o Pacto Ecológico Europeu, disse ao Parlamento Europeu nesta segunda que as propostas, que passaram por muitas revisões desde que o presidente russo Vladimir Putin enviou tropas russas à Ucrânia, poderiam tornar a UE independente do gás russo "dentro de anos".

A UE está procurando novas fontes de energia, em particular gás natural liquefeito. Segundo a agência de notícias DPA, as conversas entre a UE e os principais compradores de GNL como Japão, Coreia do Sul, China e Índia já começaram, procurando desviar suprimentos excedentes para a Europa por via marítima.

Rússia ameaça cortar o fornecimento para a Europa

Nesta segunda, o vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak reagiu às tentativas da UE de estrangular Moscou, dizendo que o país teria "todo o direito" de interromper as entregas de gás através do gasoduto Nord Stream 1, em resposta à decisão da Alemanha de bloquear o Nord Stream 2.

Novak disse que o gasoduto Nord Stream 1, que transporta gás russo para a Alemanha através do Mar Báltico, é "utilizado a um máximo de 100%". Novak também advertiu que uma proibição da importação de energia russa teria consequências "catastróficas" para a Europa.

"Ninguém se beneficiará disso", disse Novak à televisão estatal russa. "Embora os políticos europeus estejam nos empurrando para isso com suas declarações e acusações contra a Rússia."

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse que, embora Berlim tenha apoiado a adoção de medidas duras contra Moscou, o fornecimento russo de energia continua sendo "essencial" para a vida cotidiana na Europa.

"O abastecimento da Europa com energia para aquecimento, mobilidade, fornecimento de energia e indústria não pode, no momento, ser assegurado de outra forma", disse Scholz em uma declaração.

A Rússia é o maior fornecedor de gás natural para a Alemanha, sendo atualmente responsável por cerca da metade das importações, segundo o governo. O gás é responsável por cerca de um quinto da produção de energia elétrica na Alemanha.

Todas as opções sobre a mesa, diz ministro holandês

Nesta terça, o ministro das Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra, disse que mais sanções contra o Kremlin são possíveis. "Nenhuma medida está fora de consideração para a Holanda, incluindo a energia", afirmou.

"É extremamente importante levar em conta a posição de todos os nossos aliados europeus, alguns deles são muito mais dependentes do petróleo e do gás do que a Holanda. Outros devem ser capazes de suportar o fardo também", acrescentou.

O Kremlin advertiu que o preço do petróleo poderia subir se o Ocidente ampliasse suas sanções econômicas contra a Rússia e proibisse a importação de energia, como fizeram os Estados Unidos nesta terça.

bl/ek (dpa, Reuters)