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Senado dos EUA prevê entrega rápida de armas à Ucrânia

21 de abril de 2024

Após meses de impasse, pacote de 61 bilhões de dólares foi aprovado na Câmara dos EUA. Kiev e União Europeia pressionam para envio o mais depressa possível. Senado deve aprovar pacote essa semana.

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Míssil ATACMS sendo lançado
Entre os ítens enviados estão mísseis ATACMS de longo alcanceFoto: U.S. Army/Avalon/Photoshot/picture alliance

Depois de a Câmara dos Representantes dos EUA aprovar neste sábado (21/04) um novo pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 61 bilhões de dólares, travado há meses, Kiev e a União Europeia pressionam para uma entrega rápida de armamentos e munições.

O presidente do Comitê de Inteligência do Senado dos EUA, Mark Warner, deu esperança neste domingo de que isso possa ocorrer em breve – especialmente no que diz respeito aos sistemas de mísseis ATACMS de longo alcance.

Warner disse à emissora americana CBS que espera que, assim que o presidente dos EUA, Joe Biden, assinar a lei, as entregas de armas estejam a caminho do front ucraniano, no mais tardar até o final da semana.

"Acredito que o governo [americano] tem se preparado nos últimos meses para disponibilizar o ATACMS", disse o senador quando questionado se também seriam entregues sistemas de armas de maior alcance e não apenas munições.

Após passar pela Câmara, o pacote de ajuda precisa ser aprovado pelo Senado, o que deve ocorrer em meados desta semana e é dado como certo, uma vez que a casa parlamentar tem uma pequena maioria democrata, favorável ao texto.

Biden também já afirmou que, tão logo o projeto chegue às suas mãos, será assinado. "Peço ao Senado que envie rapidamente este pacote para a minha mesa para que eu possa sancioná-lo e possamos enviar rapidamente armas e equipamentos para a Ucrânia para atender as suas necessidades urgentes no campo de batalha", declarou Biden no sábado.  

Nos últimos meses, a Ucrânia tem sofrido intensas campanhas de bombardeio das forças de Moscou contra suas principais cidades e infraestruturas energéticas, provocando vítimas civis. Neste domingo, Exército russo anunciou a tomada do povoado de Bogdanivka, localizado a menos de três quilômetros do reduto estratégico de Chasiv Yar, um importante cruzamento na região ucraniana de Donetsk.

Há vários meses, as autoridades de Kiev clamam por mais armamento e munições para poder conter os ataques aéreos da Rússia e o avanço das tropas de Moscou nas frentes de combate no leste do país. Mas o projeto estava travado há meses na Câmara dos EUA devido a um impasse com uma ala do Partido Republicano.

Zelenskyj: Agora a chance de estabilizar a situação

Embora tenha saudado a decisão dos EUA de aprovar o pacote, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, apelou para uma entrega rápida da ajuda militar prometida.

"Agora temos a oportunidade de estabilizar a situação e tomar a iniciativa", disse à emissora americana NBC. "Queremos avançar o mais rapidamente possível para que possamos fornecer ajuda tangível aos soldados na linha de frente o mais depressa possível. Não em seis meses", destacou, lembrando que os caças F-16 prometidos há meses nunca chegaram.

Zelenski voltou a alertar que, se a Ucrânia falhar, o presidente russo, Vladimir Putin, "irá definitivamente invadir o Báltico".

"Ele quer reconquistar todas as antigas repúblicas soviéticas que são agora estados independentes. Ele não se importa se fazem parte da Otan ou não", disse.

Bandeiras dos EUA e da Ucrânia em frene ao Congressos americano
Biden disse que assinará projeto assim que ele for aprovado pelo SenadoFoto: Celal Gunes/Anadolu/picture alliance

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também apelou neste domingo para um rápido envio. Segundo ela, a Ucrânia "merece todo o apoio possível contra a Rússia". "Há vidas em jogo", destacou.

"Os aliados transatlânticos estão unidos no apoio à liberdade e à democracia", escreveu na rede social X (antigo Twitter).

Outros líderes da União Europeia já tinham reagido à decisão dos EUA, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu que a aprovação deste pacote de ajuda "envia uma mensagem clara ao Kremlin" de que "aqueles que acreditam na liberdade e na Carta das Nações Unidas continuarão a apoiar a Ucrânia e o seu povo".

Michel afirmou na rede X que este novo pacote para Kiev é "crucial" para o futuro da guerra e lamentou que a sua aprovação estivesse "pendente há muito tempo".

O Alto Representante da UE para Relações Exteriores, Josep Borrell, acrescentou que, com o pacote aprovado pela Câmara, a Ucrânia "terá o apoio transatlântico de que necessita para enfrentar a agressão russa".

Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou que "o único caminho para a paz é ajudar o povo ucraniano a defender-se" e sublinhou a importância de a UE e os EUA se manterem "unidos pela liberdade e contra a agressão".

Ajuda chega tarde demais e não é suficiente

Apesar dos elogios internacionais à aprovação, especialistas afirmam que a ajuda pode ter chegado tarde.

"O problema é que, para ser honesto, é tarde demais e não é suficiente", disse o especialista ucraniano Alexij Haran, professor na Universidade Kiev-Mohyla Academy.

Segundo ele, não há mísseis suficientes, e o espaço aéreo não pode ser devidamente protegido – mais recentemente, também faltam projéteis de artilharia.

O texto aprovado pela Câmara dos EUA prevê a entrega de sistemas de mísseis ATACMS de longo alcance. Até agora, os EUA vinham entregando ATACMS com alcance de menos de 165 quilômetros – mas a Ucrânia quer receber mísseis com alcance de 300 quilômetros.

O projeto de lei afirma que Biden deve disponibilizar estes sistemas de mísseis à Ucrânia "o mais rapidamente possível". O texto também autoriza que os EUA confisquem e vendam ativos russos e entreguem o dinheiro à Ucrânia para obras de reconstrução.

le/as (Lusa, ots)