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O que diz o indiciamento de Trump sobre papéis confidenciais

9 de junho de 2023

Promotores afirmam que ex-presidente dos EUA manteve documentos secretos sobre armas nucleares e colocou segurança do país em risco. Algumas das caixas teriam sido guardadas em banheiro de sua casa na Flórida.

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Trump em frente a bandeira dos EUA
Trump afirma ser inocente e que teria retirado o sigilo dos papéis quando ainda estava no cargoFoto: Charlie Neibergall/AP/picture alliance

O indiciamento do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por manuseio indevido de documentos confidencias obtidos durante seu mandato, foi tornado público nesta sexta-feira (09/06), revelando detalhes das 37 acusações criminais.

Entre os documentos encontrados na casa de Trump em Mar-a-Lago, havia arquivos altamente confidenciais sobre a capacidade nuclear dos EUA e de outros países.

"A divulgação não autorizada desses documentos confidenciais poderia colocar em risco a segurança nacional dos Estados Unidos", afirmou o Departamento de Justiça dos EUA. As principais acusações têm pena máxima de 20 anos de prisão.

O ex-presidente deve comparecer a um tribunal na terça-feira em Miami, um dia antes de seu aniversário de 77 anos. Trump divulgou um vídeo em suas redes sociais afirmando ser inocente.

O caso é mais uma das várias investigações envolvendo o ex-presidente dos Estados Unidos. Em março, ele foi indiciado em Nova York por uma investigação sobre pagamento de suborno à estrela de filmes adultos Stormy Daniels. Trump ainda enfrenta investigações em Washington e Atlanta que também podem resultar em acusações criminais.

O que o indiciamento revela?

O documento de 49 páginas acusa Trump de ignorar deliberadamente as exigências do Departamento de Justiça para devolver os documentos que ele havia pegado antes de deixar a Casa Branca.

"Não quero que ninguém vasculhe minhas caixas", teria dito Trump, segundo o indiciamento, após ele receber uma intimação em maio de 2022 sobre os documentos confidenciais em Mar-o-Lago. "Não seria melhor se simplesmente disséssemos a eles que não temos nada aqui?", teria dito ainda o ex-presidente, que teria guardado caixas com os documentos em um banheiro de sua mansão, entre outros lugares da casa.

Caixas de documentos guardadas em um banheiro
Foto incluída no indiciamento mostra caixas de documentos guardadas em banheiro da mansão de TrumpFoto: U.S. Justice Department/Handout/REUTERS

O Departamento de Justiça também acusou Trump de manipular documentos confidenciais sem a devida precaução, dando dois exemplos de quando o ex-presidente teria mostrado documentos confidenciais a pessoas não autorizadas.

Em um caso, Trump – depois de ter deixado a Casa Branca – teria mostrado a alguém de seu comitê político um mapa detalhando uma operação militar em um país estrangeiro, de acordo com a acusação.

Em um segundo exemplo apresentado pelo Departamento de Justiça, Trump supostamente mostrou um "plano de ataque" militar para um escritor, um editor e dois de seus funcionários – nenhum dos quais tinha autorização para acessar essas informações.

Os promotores alegaram que Trump sabia que a informação era secreta e que ele não deveria mostrá-la a essas pessoas.

Além de Trump, um de seus ex-assessores, Walt Nauta, também foi acusado de conspiração para obstruir a Justiça e ocultação de arquivos, entre outros. Ele teria sido gravado por uma câmera de vigilância movendo caixas que supostamente teriam documentos confidenciais.

Os vários documentos eram provenientes do Pentágono, da Agência Central de Inteligência (CIA), da Agência de Segurança Nacional (NSA) e de outras agências de inteligência.

O que se sabe sobre o caso?

O caso veio à tona logo depois que Trump perdeu a corrida eleitoral de 2020 e teve que se mudar da Casa Branca. No primeiro semestre de 2021, os funcionários dos Arquivos Nacionais e da Administração de Registros deram pela falta de documentos importantes da gestão de Trump.

A Lei de Registros Presidenciais considera todos os documentos da Casa Branca propriedade do governo dos Estados Unidos. Funcionários dos arquivos procuraram representantes de Trump, um dos quais disse a eles em dezembro do mesmo ano que registros presidenciais foram encontrados na propriedade de Trump em Mar-a-Lago.

Em janeiro de 2022, o Arquivo Nacional americano recuperou 15 caixas de documentos de Mar-a-Lago. Mais tarde, eles disseram ao Departamento de Justiça que as caixas continham "muito" material classificado. No entanto, nem todos os documentos que faltam foram encontrados.

Em maio de 2022, Trump recebeu uma intimação do FBI e do Departamento de Justiça referente aos documentos confidenciais restantes em sua posse. Semanas depois, investigadores visitaram a propriedade na Flórida e receberam cerca de três dúzias de documentos com uma declaração juramentada dos advogados de Trump atestando que as informações solicitadas haviam sido devolvidas.

No entanto, a afirmação foi posteriormente revelada como falsa. Em agosto de 2022, funcionários federais, por meio de um mandado de busca, fizeram uma operação de busca e apreensão em Mar-o-Lago, apreendendo mais de 33 caixas que continham milhares de documentos.

As caixas continham 100 documentos classificados. Desde que ele deixou o cargo em janeiro de 2021, cerca de 300 documentos confidenciais foram recuperados de Trump, incluindo alguns no nível ultrassecreto.

O presidente não negou a posse dos documentos sigilosos. Ele defendeu suas ações, dizendo que retirou o sigilo dos papéis quando ainda estava no cargo, mas sem fornecer evidências para apoiar essa afirmação. De acordo com a lei dos Estados Unidos, os presidentes em exercício podem desclassificar informações, mas essa autoridade cessa quando eles deixam o cargo.

bl (AP, Reuters)