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Mujica: "A América Latina é uma grande nação frustrada"

30 de setembro de 2021

[Vídeo] Em sua videocoluna para a DW, Pepe Mujica afirma que o mercado mundial já estava instalado à época da independência dos países latino-americanos e que os portos serviam para a comunicação com a Europa e não entre as novas nações. "A América Latina não conseguiu convergir num pacto federal para construir uma grande unidade, como alguns de nossos libertadores sonhavam", frisa.

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Pepe Mujica afirma que os latino-americanos surgiram após a conquista colonial por parte de duas potências que saíram pelo mundo com o feudalismo às costas. "Nos campos de Castela, na Espanha, a revolução burguesa não teve sucesso. É muito diferente da colonização inglesa, onde o feudalismo tinha sido derrotado e que saiu para colonizar o mundo – para não dizer pilhar, porque não quero ser ofensivo", conta Mujica. "Uma nação burguesa que repartia os recursos e a terra de acordo com o critério burguês: o necessário para viver em família."

E nas sete colônias iniciais foi rapidamente criada uma classe média que demandou e desenvolveu um mercado interno. E quando chegou o período de nossa independência, o mercado mundial já estava sendo instalado, e não é surpreendente que quase todas as capitais latino-americanas comecem em um porto, para se comunicar com a Europa ou com o mundo desenvolvido, e não para se comunicarem umas com as outras. "Mesmo assim, os latino-americanos têm uma margem de unidade somática importante: falamos a mesma língua e temos secularmente uma certa tradição cristã por todo o continente", explica.

Ele frisa que a América Latina é, no fundo, uma nação frustrada que não conseguiu convergir num pacto federal para construir uma grande unidade, como alguns dos libertadores sonhavam. E o problema, para Mujica, é como podemos sustentar tanta soberania quanto possível tentando estar conectados, mas não exclusivamente unidos por uma única dependência.

"Será que a Europa perceberá o que está em jogo? Ou permanecerá adormecida em suas contradições de velhos Estados que não conseguem globalizar sua forma de pensar e de ver neste tempo de revolução digital e de expansão fenomenal das forças do capital?", questiona Mujica. "Mais uma vez, nos falta uma direção política."