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Lula tenta minimizar reação do mercado a seu discurso

11 de novembro de 2022

Presidente eleito diz que "mercado fica nervoso à toa" após repercussão de fala sua questionando estabilidade fiscal e limitação de gastos públicos. Dólar fechou em alta de mais de 4%.

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Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva
"Por que as pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país?", disse LulaFoto: Evaristo Sa/AFP

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tentou minimizar a reação do mercado financeiro após declarações suas criticando a necessidade de cumprir regra fiscal em detrimento de gastos sociais e defendendo que algumas despesas devam ser consideradas investimentos.

“O mercado fica nervoso à toa. Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do (governo Jair) Bolsonaro”, disse Lula no fim da tarde desta quinta-feira (10/11) ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil, sede da transição de governo.

O dólar fechou em alta de mais de 4% – maior crescimento diário desde março de 2020 – e o Ibovespa caiu 3,61%, com o pessimismo dos operadores em relação a riscos de descontrole fiscal do futuro governo e também com o anúncio do nome do ex-ministro Guido Mantega para a equipe de transição.

Estabilidade fiscal e assistência social

Em discurso a aliados mais cedo, Lula questionou as regras que limitam os gastos públicos e sugeriu existir uma incompatibilidade entre assistência social e responsabilidade fiscal. Segundo o petista, pessoas pobres "são levadas a sofrer" para que o governo possa garantir a estabilidade fiscal do Brasil. 

"Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto?", questionou Lula.

"Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país? Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento? Por que que a gente não estabelece um novo paradigma de funcionamento neste país?", prosseguiu.

As declarações do petista ocorreram durante sua primeira visita ao Centro Cultural do Banco do Brasil, onde está alojada a equipe de transição de governo. 

O mercado já havia aberto o dia em queda com a divulgação da volta da inflação no Brasil, após três meses de deflação. Mas a reação mais abrupta ocorreu após o discurso do petista em Brasília.

PEC da Transição e Guido Mantega

Outros dois fatores apontados por analistas que teriam contribuído à reação negativa do mercado são as discussões sobre a PEC da Transição, na qual o novo governo quer a exclusão do orçamento do Bolsa Família do teto dos gastos da União, e a inclusão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na equipe de transição de governo.

O economista foi ministro da Fazenda (hoje Economia) nos governos Lula e Dilma. Ele ocupou o cargo de 2006 a 2015, o que o torna o mais longevo titular da economia na história do país. Antes disso, foi presidente do BNDES.

No governo Dilma, ele adotou um conjunto de medidas conhecido como "nova matriz econômica" que, segundo alguns economistas, teria contribuído para o aprofundamento da crise econômica de 2014 a 2017.

pv/md (ots)