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Ataques russos podem deixar Odessa sem energia por 3 meses

11 de dezembro de 2022

Bombardeios com drones a infraestruturas críticas deixaram a cidade e a região às escuras. Somente locais como hospitais e maternidades contam atualmente com eletricidade. Moradores foram aconselhados a deixar a cidade.

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Mulher vende em uma marcenaria, iluminada por uma vela
Cerca de 1,5 milhão de pessoas estão sem energia em OdessaFoto: Denislav Stoychev/NurPhoto/picture alliance

A cidade de Odessa, na Ucrânia, está às escuras após um ataque com drones controlados pela Rússia, informou na noite deste sábado (10/12) o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Segundo a administração regional, pode levar de dois a três meses para que a energia seja restabelecida - período que coincide com o ápice do inverno europeu. Os moradores foram aconselhados a deixar a cidade, se possível.

"Odessa e outras cidades e aldeias da região estão na escuridão após o ataque noturno de drones iranianos", disse Zelenski em sua mensagem de vídeo diária. Teerã confirmou que já forneceu drones para Moscou.

Mais de 1,5 milhão de pessoas na região estão atualmente sem eletricidade. De acordo com o consórcio energético DTEK, todos os usuários do serviço de energia elétrica da cidade de Odessa, com exceção das infraestruturas críticas, como maternidades e hospitais, foram desconectados da rede "devido a magnitude da destruição da infraestrutura energética".

O vice-chefe do gabinete presidencial ucraniano, Kyrylo Tymoshenko, afirmou que a situação é "difícil, mas está sob controle".

De acordo com o governador regional, Maksym Marchenko, quase todos os distritos e comunas da região de Odessa foram atingidos por quedas de energia como resultado dos bombardeios. Dois dos drones foram abatidos pelas defesas aéreas ucranianas, informou. 

Novos ataques a Kherson, Donetsk e Kharkiv

Novos ataques aéreos na rede de energia ucraniana também foram registrados nas regiões de Kherson, Donetsk e Kharkiv, particularmente afetadas por quedas de energia. 

Após semanas de ataques russos à infraestruturas críticas na Ucrânia, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, disse que os cidadãos devem esperar cortes de energia durante o inverno.  "Todas as usinas termelétricas e hidrelétricas do país foram danificadas", informou. Além disso, cerca de 40% dos sistemas de rede de alta tensão sofreu variados graus de danos.

"Vamos ser sinceros, neste inverno viveremos constantemente em condições de consumo limitado de eletricidade", disse, segundo a agência estatal Unian.

Schmyhal explicou que a prioridade de restabelecimento é dada às infraestruturas críticas, como hospitais e abastecimento de água e aquecimento, seguidas pelo complexo militar-industrial. Em terceiro lugar vem o abastecimento crítico de locais como padarias e laticínios. Fornecer eletricidade à população civil está apenas em quarto lugar, motivo pelo qual os moradores de Odessa poderão ficar meses no escuro.

Após uma série de derrotas e com proximidade do inverno europeu, a Rússia começou a atacar a infraestrutura energética da Ucrânia. Na segunda-feira passada, as forças armadas russas lançaram outra onda de ataques com mísseis. As regiões do sul do país são as mais atingidas, segundo o governo de Kiev. 

Internacionalmente, os ataques russos ao abastecimento de energia civil da Ucrânia, que deixaram milhões de pessoas sem eletricidade e aquecimento em temperaturas congelantes, receberam as críticas mais contundentes. Apesar disso, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira que os ataques continuariam.

Cidade às escuras, apenas com as luzes dos carros
Prioridade de restabelecimento é dada às infraestruturas críticasFoto: NurPhoto/picture alliance

Combates no Donbass

Tanto a Ucrânia quanto a Rússia relatam combates ferozes na região de Donbass, no leste do país. "Donbass é a principal frente na luta pela independência da Ucrânia", disse o porta-voz do Grupo de Exércitos Leste das Forças Armadas Ucranianas, Serhiy Cherevatyy. As tropas russas avançaram em torno das cidades de Bakhmut e Avdiivka, enquanto as tropas ucranianas bombardearam várias cidades controladas pelos russos. 

Aparentemente Moscou estaria reduzindo suas ambições com a invasão da Ucrânia, tentando manter agora apenas a maior parte do território que anexou ilegalmente em outubro.

Além disso, o exército russo dá sinais de estar adotando uma nova tática: em vez de uma ofensiva em larga escala, unidades menores, como a unidade mercenária "Wagner", agora estão sendo usadas. Moscou depende principalmente de artilharia de cano e foguetes. As forças armadas ucranianas repeliram ataques nas regiões de Donetsk e Lugansk.

Em Bakhmut, na região de Donetsk, mais de 20 conjuntos habitacionais foram incendiados, segundo fontes ucranianas. Os invasores reuniram tropas e equipamentos de guerra ao redor de Bakhmut e estão tentando cercar a cidade. 

A captura de Bakhmut cortaria as linhas de abastecimento ucranianas e permitiria que os russos avançassem em direção a Kramatorsk e Sloviansk.

"Os ocupantes na verdade destruíram Bakhmut, outra cidade no Donbass que o exército russo transformou em ruínas", disse Zelenski. "Bakhmut, Soledar, Marjinka, Kremmina - por muito tempo não haverá como morar nessas áreas", destacou.

A Rússia já havia relatado ter ganho terreno no Donbass. "Na área de Donetsk, as unidades russas continuaram seus ataques e expulsaram o inimigo de suas posições fortificadas", disse o porta-voz do exército Igor Konashenkov. Segundo a Rússia, posições também foram conquistadas no norte, entre as pequenas cidades de Kreminna e Lyman. A DW não pode confirmar a informação de forma independente.

Na noite de sábado, ataques com foguetes também foram relatados na cidade ocupada pela Rússia de Melitopol, no sul da Ucrânia. Segundo fontes pró-Rússia, duas pessoas morreram e outras dez ficaram feridas. O prefeito exilado de Melitopol relatou que uma igreja abandonada usada pelos russos como ponto de encontro foi atingida e falou em várias mortes. O exército ucraniano não comentou imediatamente o incidente.  

Área queimada, com ruínas de algumas casas
Em Bakhmut, na região de Donetsk, mais de 20 conjuntos habitacionais foram incendiadosFoto: YEVHEN TITOV/AFP/Getty Images

Estônia exige mais entrega de armas à Ucrânia

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, instou a Alemanha e outros aliados a continuar fornecendo armas para a Ucrânia. "Se todos os aliados tivessem enviado armas em janeiro ou fevereiro, muitas vidas teriam sido salvas", destacou.

Ao contrário da Alemanha, a Estônia, um dos menores países da União Europeia (UE), entregou armas à Ucrânia antes mesmo do início da guerra. De acordo com estatísticas do Instituto Kiel para a Economia Mundial, o país báltico que faz fronteira com a Rússia apoiou a Ucrânia mais do que qualquer outro do mundo em termos de produto interno bruto (PIB). Quando se trata de entrega de armas, está estatisticamente à frente de países europeus muito maiores e financeiramente mais fortes, como Itália ou Espanha, mesmo em números absolutos.

Segundo o embaixador ucraniano em Berlim, Oleksii Makeiev, a Alemanha assumiu compromissos para novas entregas de armas. "Em uma conversa direta, nos garantiram mais armas e mais munições. Vamos anunciar quais no devido tempo", disse Makeiev ao jornal alemão Welt am Sonntag

Mais sistemas antiaéreos, obuses autopropulsados e munições são necessários com urgência na linha de frente. 

"Além disso, ainda estamos conversando sobre a entrega de tanques Marder e Leopard. Mas a decisão sobre isso é do governo federal", disse o embaixador.

Até agora, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, recusou-se a fornecer tanques Leopard 2, alegando que nenhum outro país da Otan disponibilizou tais equipamentos. Os EUA sinalizaram recentemente que não veem nenhum obstáculo nisso.

Makeiev também disse ao jornal que o governo alemão lhe garantiu que as negociações com a Rússia não ocorreriam sem o consentimento de Kiev. Segundo ele, no momento, a Ucrânia não precisa de mediadores, mas de aliados. 

"Como a paz na Ucrânia não pode ser negociada, é preciso lutar por ela", disse Makeiev. 

le (AFP, AP, DPA, EPD, KNA, Reuters; ots)