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Moçambique: Cresce número de idosos abandonados

Conceição Matende
23 de março de 2024

Em Moçambique, cresce o número de idosos abandonados pelas famílias. Membros da sociedade civil lamentam que o Estado já não consiga pagar uma pensão àquela parcela da população.

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Casa de idoso abandonado na província do Niassa
Casa de idoso abandonado na província do NiassaFoto: Conceicao Matende/DW

Entre quinze e vinte por cento dos idosos em Moçambique são abandonados tanto nas cidades como nos campos. A falta de emprego e a atual conjuntura social e económica estão entre os principais fatores que levam aos maus-tratos e ao abandono dessa parcela da população no país.

A informação é avançada pelo diretor-executivo do Observatório da Pessoa Idosa em Moçambique, Ernesto Zucule, que diz não conseguir fazer muito devido à situação económica em que o país se encontra.

"Isso agravou-se de forma dramática depois da Covid-19. Nós perdemos a capacidade de termos um elemento que monitorizasse e fizesse o levantamento exato em cada bairro e distritos da situação real das pessoas idosas, mas temos estado a perceber junto de todas as organizações que ainda continuam a trabalhar algumas dão o pouco que tem", afirma.

Governo "tem feito muito pouco"

Ernesto Zucule acrescenta que os financiadores também reduziram substancialmente os seus apoios e diz que "falar com o Governo nos últimos tempos nos parece que é obra do diabo".

"O ministério que cuida da área do idoso tem feito muito pouco, senão nada mesmo, em relação às políticas que deveria implementar em apoios às camadas desfavorecidas entre elas os idosos", avalia.

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Niassa lideraria abandonos

Sem avançar números concretos, as entidades locais afirmam que a província do Niassa é a que tem registado o maior número de abandono dos idosos.

Amido Amido, na casa dos 70 anos de idade, é viúvo e pai de quatro filhos. Foi abandonado pelos familiares e vive com dificuldades na localidade de Lombi, no distrito de Chimbonila, naquela província.

O idoso conta que o seu maior desejo é ter uma casinha com teto e paredes melhoradas para que durante o tempo chuvoso não sinta frio.

"Tenho familiares, vivem na cidade, mas não conseguem cuidar de mim e a minha esposa faleceu faz mais de sete anos. Consigo fazer um pouco de marcha e algumas pessoas têm-me ajudado com um pouco de comida e eu não tenho quase nada, nem cobertura para minha casa e preciso de uma ajuda", apela Amido.

Santos Sanudia pede mais apoio das autoridades aos idosos em Moçambique
Santos Sanudia pede mais apoio das autoridades aos idosos em MoçambiqueFoto: Conceicao Matende/DW

Apelo às autoridades

Santos Sanudia, régulo da localidade de Lombi, conta que Amido é uma pessoa esforçada e mesmo não tendo quase nada, gosta de ajudar outras pessoas. Por isso, gostaria que as autoridades olhassem por ele.

"Vive à rasca, tudo ele pede, não tem forças para construir por conta da idade, temo-lo ajudado. Ele também consegue pedir e quando lhe é dado algo, ele partilha com as visitas, alimentado outros. Mesmo tendo pouco ele ajuda também", relata o Sanudia.

Ndala Santos, do Instituto Nacional de Ação Social (INAS) na localidade de Lombi, explica que, quando o INAS se depara com casos do género, tem feito um pequeno inquérito para saber do historial da pessoa que necessita de ajuda.

"Nós procuramos muito esse tipo de pessoa que não tenha ajuda, fazemos uma declaração para o INAS e depois o INAS faz o processo para que ele receba ajuda", conclui.

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