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Luanda: Taxistas encurtam rotas, usuários reclamam

23 de abril de 2024

Em Luanda, o encurtamento frequente de rotas por taxistas causa insatisfação entre os usuários devido aos custos adicionais e à necessidade de múltiplos táxis para chegar aos destinos.

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Táxis em Luanda, Angola
Foto: DW/P. B. Ndomba

Os moradores de Luanda já estão acostumados com os "gritos" dos cobradores a chamar os passageiros para o serviço de táxi na capital angolana. 

Os também chamados "lotadores" ou gerentes, são responsáveis por atrair passageiros para os táxis, conhecidos localmente como "candongueiros".

Esses veículos tornaram-se uma alternativa essencial devido à escassez de transporte público, especialmente em horários de pico pela manhã e no início da noite.

Mas o encurtamento frequente de rotas pelos taxistas tem causado insatisfação entre os usuários devido aos custos adicionais.

Avelino Eduardo, um cobrador de Luanda, justifica a alteração pela alta demanda e congestionamento nas paradas de táxi:

"Aquilo é decidido por nós dois. Quando vemos que a aparagem está cheia, a intenção é encurtar por causa do movimento da paragem. No período da manhã, as paragens ficam muito cheias e também há muito engarrafamento".

Usuários insatisfeitos

No entanto, isso acarreta sérios transtornos para os cidadãos. Octávio dos Santos, um dos afetados, lamenta que, em vez de pagar 300 kwanzas por dois táxis em condições normais, agora gasta até mil kwanzas para completar sua jornada devido à necessidade de pegar três ou quatro táxis.

"Só fazem linhas curtas e dificultam porque não há necessidade, uma vez que as rotas já estão definidas. Mas somos submetidos a apanhar três a quatro táxis para chegar ao local de trabalho," lamenta. 

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Apesar da evidência observada pela DW, os taxistas não querem admitir abertamente a prática de encurtar rotas. José Luís, um taxista local, menciona que, embora raramente faça linhas curtas devido à fiscalização policial, não vê alternativa quando a demanda supera a oferta.

"Linha curta eu também faço, uma vez que calha quando tem muita gente. Mas também não faço muito linhas curtas, devido à polícia," afirma.

"Prefiro levar uma linha direta de 150 kwanzas. Também para se prevenir porque ainda te agarram e tens que pagar uma multa," garante.

Enquanto isso, João da Paixão, outro taxista, nega que haja encurtamento de rotas em seu itinerário diário, atribuindo a maior frequência de passageiros nas paradas a fenômenos circunstanciais como o horário e o dia da semana.

"Essas pessoas na paragem é por ser segunda-feira. Nas primeiras horas dá nisso. Por isso, também estão a fugir do engarrafamento. Mas quando foram 10 ou 11 horas da manhã, o táxi volta no normal," explica.

"Linhas curtas aqui na Samba não temos tido porque é linha direta. Zamba 2-Mutamba e Mutamba-Multiperfil," garante João da Paixão.

Disparidades nas rotas

A Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) continua a pressionar por uma revisão e atualização das rotas de táxi, enquanto realiza campanhas de conscientização entre os taxistas sobre a importância de seguir as rotas estipuladas e evitar a especulação de preços.

Francisco Paciente reitera o compromisso da associação em promover a segurança e a eficiência no transporte, esperando que as novas medidas propostas aliviem os problemas enfrentados pelos usuários de táxi em Luanda.

"Apresentamos, dia 20 [de março], um mapeamento proposto ao Governo da Província de Luanda para ser discutido e servir de base para a fixação de novas rotas e adequação da quilometragem que deve ter a cada rota, diferente daquilo que acontece agora," revela.

O presidente da ANATA explica que é preciso equilibrar as disparidades nas rotas. "Por exemplo, temos rotas no mapa que são dois quilômetros e meio e o preço é 150 kwanzas (cerca de 17 cêntimos de euro). E temos rota de 35 quilómetros também a 150 kwanzas," conclui.

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