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Coligação em Moçambique: Oposição entre expectativa e dúvida

5 de janeiro de 2023

Na Zambézia, membros da RENAMO e do MDM estão ansiosos com a ideia de unificação. Mas há quem duvide do sucesso de uma coligação em Moçambique, à semelhança do que aconteceu em Angola, devido a divergências internas.

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Mosambik Wahlauszählung in Maputo
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Momade

Na província da Zambézia, centro de Moçambique, ouve-se dizer que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) andam de mãos dadas. Felisberto Francico, membro da RENAMO, está satisfeito com a iniciativa: "Não temos muita coisa a comentar. A intenção é enfrentar um adversário e desmascarar todas as suas manobras", afirma.

"Aquilo que o nosso líder Ossufo Momade decidir, juntar-se ao MDM ou a outros partidos políticos que são da oposição, tudo bem! Vamos abraçá-los como nossos irmãos", acrescenta.

Outros membros, como Alberto Macuva, mostram-se mais cautelosos: "Estamos ansiosos para saber como isso vai andar. Se o projeto for bem desenhado, será uma boa iniciativa. Estamos à espera da circular ao nível central".

Mosambik Zambezia | Wahl des neuen Präsidenten der Nationalen Jugendliga der RENAMO
Ossufo Momade (ao centro) na Zambézia, em 2021Foto: Marcelino Mueia/DW

Também na comissão política provincial do MDM o assunto tem sido tema de debate. O delegado provincial do MDM na Zambézia, Victorino Francisco, recorda que a questão foi levantada na Conferência Nacional da Liga da Mulher que se realizou em Marracuene, em dezembro, e o presidente "não negou a existência de contactos por parte da RENAMO".

"Foi mais extensivo, começando por dizer como é que os contatos foram feitos, como é que foi realizado o primeiro encontro, quem foram as pessoas que estavam a acompanhar o líder da RENAMO e quem foram as pessoas que acompanharam o líder do MDM que participaram na mesa das conversações", adianta.

Segundo Francisco, a coligação estará próxima da realidade: "O que temos de dizer como província da Zambézia é, pegando naquilo que foi a resposta do presidente, os órgãos deliberativos do partido MDM vão chancelar isso".

Mosambik Lutero Simango Democratic Movement of Mozambique (MDM)
Lutero Simango, líder do MDMFoto: Luciano Conceicao/DW

Sem consensos internos não há coligação

Questionado pela DW, o analista político Ricardo Raboco refuta totalmente a possibilidade da existência de uma coligação de partidos políticos de oposição em Moçambique.

"Enquanto houver dissensões profundas dentro dos partidos políticos, é muito difícil viabilizar-se uma coligação", sublinha. "E depois, o MDM nasce na RENAMO", lembra.

Nas últimas duas visitas à província da Zambézia, nos finais do ano passado, os líderes da RENAMO e do MDM disseram em entrevista à DW que não havia dificuldades algumas em coligar e que as eleições gerais de Angola teriam sido a principal fonte de inspiração.

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