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Cabo Delgado: MSF alerta para saúde mental de deslocados

Nádia Issufo
14 de março de 2024

Assistência de saúde mental é uma das maiores necessidades dos deslocados internos que estão em áreas seguras de Cabo Delgado, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). E há serviços de saúde limitados após destruição.

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Equipa dos Médicos Sem Fronteiras em Cabo Delgado (imagem de arquivo)
Equipa dos Médicos Sem Fronteiras em Cabo Delgado (imagem de arquivo)Foto: Igor G. Barbero/MSF

Em entrevista à DW África, a chefe adjunta da missão da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Moçambique, Francesca Zuccaro, sublinha que a insegurança impede uma ação de apoio às regiões mais recônditas e defende uma intervenção humanitária rápida.

Francesca Zuccaro relata ainda em que condições chegam os deslocados às áreas mais seguras da província de Cabo Delgado. O conflito já destruiu instalações de saúde em vários distritos. Em Macomia, por exemplo, dos anteriores sete centros de saúde do distrito, atualmente só um funciona.

DW África: Em que condições têm chegado os deslocados?

Francesca Zuccaro (FZ): Os deslocados que chegam à outra parte do distrito necessitam urgentemente de cuidados de saúde, em particular há um impacto significativo na saúde mental das pessoas que estamos a ver. E ao mesmo tempo necessitam urgentemente de ajuda básica, de alimentos, de abrigo, de bens humanitários de primeira necessidade. Acho que é importante também explicar que estamos a falar de uma população que há mais de seis anos está a viver como deslocada. Algumas dessas famílias já foram deslocadas anteriormente, são famílias que foram deslocadas três, quatro vezes.

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DW África: Quais são as maiores dificuldades na assistência a este grupo?

FZ: As necessidades são urgentes. É muito importante chegar e rapidamente dar assistência humanitária. Em alguns lugares, como o distrito de Macomia e a vila de Macomia, já havia presença de deslocados desde há muitos anos. Então, a presença de atores humanitários nestes lugares, também por causa da situação de segurança específica neste distrito, não foi contínua no último período, então era necessário ter muitas outras agências a intervir rapidamente. Noutras áreas onde os deslocados estão a chegar também era necessário escalar a resposta humanitária.

DW África: O recrudescimento da violência em Cabo Delgado retraiu as ações da Médicos Sem Fronteiras?

FZ: Trabalhamos em momentos onde a segurança, a situação de conflito, registou momentos mais cruéis. Esta escalada de violência tem um impacto muito forte sobre a população. Esta é a preocupação principal que temos neste momento. Como Médicos Sem Fronteiras, em algumas situações, não tivemos a possibilidade de chegar a alguns lugares um pouco mais remotos, devido à insegurança. Continuamos a estar em Cabo Delgado, em particular em alguns distritos de Cabo Delgado, para providenciar cuidados médicos e assistência humanitária a toda essa população. Então, os serviços básicos permanecem também limitados ou talvez indisponíveis em alguns distritos.

DW África: As áreas de acolhimento estão devidamente apetrechadas para dar assistência de saúde aos deslocados internos?

FZ: Este conflito teve um impacto muito grande nos serviços públicos, em particular a destruição de instalações de saúde em muitos distritos. E esta destruição ainda continua. Num recente ataque em fevereiro, também algumas instalações de saúde foram destruídas. Então, a maioria das infraestruturas foram e continuam a estar destruídas. Só para dar um exemplo: no distrito de Macomia, antes do conflito havia sete centros de saúde, que já estavam a funcionar, geridos pelo Ministério da Saúde, e neste momento só um está a funcionar, também gerido pelo Ministério da Saúde. A Médicos Sem Fronteiras está a apoiar neste momento com três clínicas na vila de Macomia. Noutro distrito também o número de infraestruturas ativadas é muito menor que a necessidade, porque muitas ainda não estão reabilitadas e não estão a funcionar.

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