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Cabo Delgado: "A situação continua estável", diz ministro

Lusa
29 de fevereiro de 2024

Ministro da Defesa confirma ataques insurgentes em distritos de Cabo Delgado, mas garante que não se trata do "recrudescimento" do terrorismo. UE considera "inaceitável a ameaça terrorista" que leva à fuga de milhares.

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Cristóvão Artur Chume, ministro da Defesa
Cristóvão Artur Chume, ministro da DefesaFoto: Roberto Paquete/DW

O ministro da Defesa Nacional moçambicano, Cristóvão Chume, disse nesta quinta-feira (29.02): "Eu quero dizer que não é isso que está a acontecer, porque se fosse efetivamente isso [recrudescimento das atividades terroristas], estaríamos a dizer que há distritos ou sedes distritais que estão ocupadas, sem acesso das populações. O que aconteceu é que há grupos pequenos de terroristas que saíram dos seus quartéis, lá na zona de Namarussia - que temos dito que é a base deles -, foram mais a sul, atacaram algumas aldeias e criaram pânico".

Porém, o ministro reconhece que "a situação na província de Cabo Delgado continua estável, não obstante as últimas ocorrências no sul da província de Cabo Delgado. Como se sabe, algumas aldeias nos distritos de Quissanga, Metuge, Ancuabe, Chiùre, sofreram alguns ataques, que originaram um deslocamento da população mais a sul, para a província de Nampula, e também para outros distritos de Cabo Delgado".

"Quero aqui dizer que dois ou três terroristas armados que chegam numa aldeia, em que não está lá a Polícia ou as Forças Armadas, disparam para o ar, queimam duas ou três casas, na era das comunicações que temos ao nosso dispor, a mensagem é difundida muito rapidamente e cria não só o pânico naquelas aldeias, mas, claro, pânico nacional e internacional", reconheceu Chume.

 Chume entende que "o processo de radicalização que acontece onde há terrorismo, significa muitas das vezes compra de mentes, compra de pessoas, enraizamento do terrorismo também nas comunidades. Então, é um combate em que não só temos uma frente militar, isso realçamos, que a frente militar é a face mais visível". 

Chume: "Minimizar o risco de radicalização"

 De acordo com o governante, é preciso apostar em programas de desenvolvimento para "minimizar o risco de radicalização" e "prevenir a reemergência do terrorismo".

Ainda assim, alertou: "Não queremos dizer com isso que não há ocorrências de terrorismo, há sim. E nós vamos continuar a combater, mas não há de voltar a acontecer o que aconteceu no passado. Nós estamos firmes nisso, mas vamos assistir a situações como estas que aconteceram em Chiùre, em Metuge, e outras zonas, de haver alguns ataques que não poderemos evitar".

Chume fez as declarações após um encontro com uma missão de alto nível da União Europeia, em Maputo. A presidente do Comité Político e de Segurança da União Europeia (UE), embaixadora Delphine Pronk, termina hoje uma visita a Moçambique, durante a qual estão a ser recolhidos elementos com vista à decisão sobre a continuidade da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ), cujo mandato termina este ano.  

Cabo Delgado: O conflito estará longe do fim?

Esta missão em Maputo surge numa altura em que milhares de pessoas fugiram das suas aldeias no sul de Cabo Delgado nas últimas semanas, após vários ataques por grupos terroristas - que se registam desde 2017 -, procurando segurança noutros distritos daquela província e na vizinha província de Nampula. 

"Também ouvimos da parte da União Europeia o comprometimento em continuar os esforços de apoio a Moçambique, não só nesta missão de treino, mas em outros vetores necessários para prevenir e combater o extremismo violento, como seja o caso, por exemplo, no desenvolvimento económico-social ou na província de Cabo Delgado e não só", acrescentou o ministro. .

UE: "Inaceitável a ameaça terrorista"

E a União Europeia condenou hoje a nova vaga de ataques, descrevendo como "inaceitável a ameaça terrorista" que leva à fuga de milhares no norte de Moçambique.

"Penso que qualquer vaga de terrorismo é muito preocupante e inaceitável. É inaceitável a ameaça terrorista à vida e aos meios de subsistência de pessoas que estão a ser expulsas das suas aldeias. Partilhamos as nossas preocupações relativamente aos milhares e milhares de pessoas deslocadas internamente que tiveram de fugir devido a ataques terroristas indiscriminados e a União Europeia condena sempre firmemente", disse

"Através da nossa missão de formação, estamos aqui também para apoiar as Forças Armadas de Moçambique no combate ao terrorismo", acrescentou a diplomata.

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