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Beira vai construir muro de betão para travar invasão do mar

Arcénio Sebastião (Beira)
26 de abril de 2021

Edilidade da capital de Sofala, centro de Moçambique, quer proteger a orla marítima já muito afetada com a passagem do ciclone tropical Idai, em 2019. O plano inclui a construção de um muro de betão ao longo da costa.

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Subida do nível da água da mar na Beira (imagem de aquivo | 2019)Foto: DW/A. Kriesch

O conselho autárquico da Beira, centro de Moçambique, deverá construir um muro de proteção da costa da cidade contra a invasão das águas do mar.

A obra enquadra-se num projeto orçado em perto de 92 milhões de dólares e o edil da Beira, Albano Carige, disse em entrevista exclusiva à DW África que, até ao momento, a edilidade tem disponíveis mais de 80 milhões de dólares.

Carige fez saber ainda que neste momento está em curso um estudo levado a cabo pela edilidade e parceiros cujo objetivo é aferir o nível e o tipo de obra a ser executada ao longo dos dez quilómetros da costa da Beira. Contudo, já se sabe que deverá passar pela construção de um muro de vedação, que partirá da zona da Praia Nova até a zona do Estoril, região esta considerada mais crítica.

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Edil da Beira, Albano CarigeFoto: Arcénio Sebastião/DW

Os estudos, segundo o autarca, deverão estar concluídos em outubro deste ano e "compreendem a direção das marés, as direções dos ventos e eventualmente as descargas das próprias ondas e como é que podem ser decepadas essas energias, que essas ondas trazem".

"Terminará com o desenho detalhado daquilo que será o grande projeto de engenharia", explica, acrescentando que a ideia é "começar pela construção de um muro de betão armado a partir da Praia Nova em direção ao Estoril".

O muro, em algumas secções, vai ser conectado com esporões de forma perpendicular cuja função, diz o edil, é "quebrar a onda".

"Quando esta onda vem com uma energia muito grande pela característica da sua altura, este corte que esta onda sofre provoca imediatamente dissipação desta energia e vai terminar com uma energia completamente baixa naquilo que é o muro de betão armado para garantir que o choque com o muro não seja tão violento que possa criar danos ainda nesta infraestrutura", remata.

Pequenos trabalhos prosseguem

Enquanto se espera pela concretização deste gigantesco projeto, a edilidade não para com os pequenos trabalhos com vista a evitar maior degradação da orla marítima, já muito afetada com a passagem do ciclone tropical Idai pela região centro em 2019.

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Beira tem sido fustigada pela passagem de ciclones Foto: Michael Jensen/AP Photo/picture alliance

"Nós nunca parámos, temos o departamento ou direção de proteção costeira, gestão de riscos e calamidades. Esta é uma direção que está dentro da vereação de construção. Esta direção apenas lida com aquilo que provavelmente podem ser fenómenos e desastres naturais. O seu foco principal são as possíveis consequências da passagem de qualquer fenómeno natural", diz Albano Carige.

Segundo o edil, o montante disponível para a materialização do projeto de proteção costeira é suficiente para dar o arranque às obras.

"O projeto, a manutenção ou obras de proteção costeira são bastante caros. Se pensarmos que precisamos de ter todo [o montante] para arranque das obras corremos o risco de ser invadidos pelo mar e recordar que se tivéssemos dado algum passo com aquele pouco que tínhamos poderia minimizar os outros efeitos costeiros", admite. "Terminado este estudo, no início do próximo ano, estaremos com o arranque das obras de proteção costeira depois de ter o concorrente ganho para avançar", garante o edil.

Bombeamento de areias

De toda a costa da Beira, o autarca não descarta a hipótese de a Praia Nova ser a mais vulnerável, visto que de forma recorrente esta área é sempre ponto de invasão das águas do mar, assim que a maré sobe. Para reverter esta situação, Carige entende que deve haver nesta área o bombeamento de areias que há décadas vêm sendo perdidas devido à dragagem do canal do porto da Beira.

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"Existiram várias opiniões e uma delas é do bombeamento de areias porque a EMODRAGA quando faz normalmente dragagem deposita as suas próprias areias ou inertes dentro ou no fundo do mar. E nós o que estamos a dizer é que estas areias devem ser bombeadas para a nossa costa. Só na parte da Praia Nova, onde existem residências, precisamos de cerca de três milhões a quatro milhões de metros cúbicos de areia para garantir que seja um pouco mais larga", diz o edil.

Para garantir a manutenção do projecto de proteção da orla marítima, há necessidade de se criar meios de rentabilização, diz Albano Carige.

"Precisamos de aproveitar esta área para o turismo e para garantir a gestão de manutenção do próprio sistema de proteção costeira, porque deve ser gerido, deve ser mantido. Têm de existir algumas receitas que podem ajudar a criar condições para manutenção de rotina depois desse projeto terminar", conclui.

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