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Angola: Ativista "Tanaice Neutro" em greve de fome na prisão

José Adalberto
5 de março de 2024

O ativista angolano "Tanaice Neutro" está em greve de fome contra a morosidade do recurso interposto pela sua defesa, após pena de mais de dois anos de prisão por ofensas ao Presidente. Situação de saúde preocupa.

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"Tanaice Neutro" durante protesto em Luanda, no ano passado
"Tanaice Neutro" durante protesto em Luanda, no ano passadoFoto: José Adalberto/DW

Gilson da Silva Moreira, mais conhecido como "Tanaice Neutro", está em greve de fome desde 27 de fevereiro numa prisão nos arredores de Luanda.

O estado de saúde do ativista é grave e inspira cuidados, alerta o amigo e também ativista Simão Kativa, uma das poucas pessoas que mantém contactos regulares com "Tanaice Neutro", para além dos familiares.

Segundo Kativa, "a situação agrava-se ainda mais com a greve de fome", porque, "antes do Tanaice estar na cadeia [ele] tinha uma cirurgia marcada".

"Sem alimentação e assistência médica"

Há muitos meses que a família e os amigos alertam para os problemas de saúde do ativista. Em novembro, Teresa Cauanga, a esposa de "Tanaice Neutro", e outras mulheres de ativistas detidos, acusados de ofensas ao Presidente da República, denunciaram que os maridos estavam "sem alimentação e assistência médica".

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A esposa de "Tanaice Neutro", que acaba de ter bebé, contou à DW que não fala com o marido há várias semanas.

"Faz um mês que não vou para lá. Quem tem ido para lá é a minha sogra", relata.

"Liberdade ou morte"

Apesar da situação, Simão Kativa diz que o amigo não tem intenção de desistir da greve de fome. Kativa afirma que "a própria greve é denominada 'liberdade ou morte'".

"Neste momento, ele diz que, se não houver uma resolução do seu processo, prefere morrer, por causa da injustiça, uma vez que não cometeu qualquer crime", conclui.

"Tanaice Neutro" e outros três ativistas foram detidos depois de uma manifestação de apoio aos mototaxistas em Luanda, em setembro passado. Foram condenados nesse mesmo mês a dois anos e cinco meses de prisão por ultraje e injúrias ao Presidente da República.

Alguns membros da sociedade civil angolana criticaram o processo, denunciando "erros processuais" e falta de provas. A defesa recorreu da decisão.

Contactado pela DW, o advogado dos ativistas, Zola Bambi, remeteu um pronunciamento sobre este caso e sobre a greve de fome de "Tanaice Neutro" para mais tarde. A DW contactou também o porta-voz dos Serviços Penitenciários, Menezes Cassoma, mas não foi possível obter uma reação.

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